O uso das cores na fotografia

Um bom fotógrafo sabe que se abusar das cores, ele pode até cansar os olhos de quem quer apreciar seu trabalho, nada pode ser por acaso, nada pode ser exagerado. Como conseguir um equilíbrio saudável que valorize os objetos, pessoas e paisagens? Tomando alguns cuidados e entendendo alguns conceitos estabelecidos sobre as nuances do olho humano.

As cores podem ser quentes ou frias e nenhuma é melhor do que a outra por isso. Elas se complementam, ajudam ao fotógrafo compor uma imagem da melhor maneira, passando com exatidão as emoções desejadas. Saber usá-las bem é muito importante e a experiência do profissional só o ajuda a fazer com que uma ideia se transforme no que ele precisa. 

A luz, a distância, a lente, tudo é importante, mas a sensibilidade de quem empunha uma máquina é ainda mais. A influência das cores é algo que a publicidade utiliza em todos os trabalhos e a academia estuda. Seja de maneira científica ou mística, é possível analisar o assunto até mesmo como uma terapia de cura, a cromoterapia.

A fotografia nasceu em preto e branco, ainda no século XIX. As cores foram adicionadas bem depois, já na década de 60 do século XX. Com a utilização da fotografia digital, nos anos 90, aproximadamente, as cores começaram a ser manipuladas de um jeito muito mais simples, mas um ótimo fotógrafo consegue efeitos naturais tão bons – ou até melhores – que qualquer programa e aplicativo.

Fotos com filtros diferentes do filme: Traffic – 2000 

Sentimentos podem se modificar ao olhar para uma mesma foto, com a mudança de um filtro aplicado. Solidão, amor, alegria, não faltam exemplos. A psicologia das cores é estudada com afinco para extrair do público alvo exatamente o que se quer. Isso é questionável? Depende do seu uso. 

Se o exemplo for pinçado do cinema, por exemplo, pode significar a diferença entre um longa-metragem qualquer e uma obra de arte eterna. O diretor norte americano Steven Spielberg resolveu fazer aquele que seria o primeiro filme de sua carreira a premiá-lo com um Oscar totalmente em preto e branco. Mas uma personagem específica usava um vestido vermelho.

O mestre da sétima arte queria obter uma sensação específica com esta escolha e os críticos são quase unânimes em afirmar que a escolha foi plenamente bem sucedida. Ao ver a menina, que havia marcado sua mente, entre os mortos numa pilha de corpos, Schindler mudou sua história e a de centenas de pessoas que ele veio a salvar.

É um momento crucial da história e foi alterado totalmente apenas com o uso da cor num simples detalhe. Para saber mais, veja o filme ou o texto soltará alguns spoilers. Mas o exemplo é categórico, e vale lembrar que a incrível fotografia em preto e branco do fotógrafo Janusz Kamiński foi premiada com o Oscar, em 1993.

Para ressaltar os objetos e os personagens, ele precisou fazer diversas adaptações, já que há muito tempo Hollywood não filmava em preto e branco. Ele escureceu ou clareou os cenários, de acordo com o tom de pele dos atores e do figurino que eles utilizavam. Além de filmar cerca de 45% da história com a câmera na mão, para aumentar a sensação de documentário que o filme queria passar. 

As cores mais escuras causam uma sensação de austeridade e seriedade, sendo muito mais utilizadas em dramas do que em comédias por Hollywood. As cores mais vivas exalam diversão e leveza. As opacas – pastéis – lembram o conservadorismo, enquanto as mais claras são vistas como mais amigáveis e informais.

Pense bem ao compor um ensaio. O que você realmente quer mostrar?